Condições
do mercado
O caráter exótico do produto, aliado à alta demanda faz com que os
preços de venda sejam altos. A carne no Brasil é comercializada a um
preço mais elevado que na Europa e Estados Unidos onde somente as
coxas têm aceitação. A concentração do mercado consumidor nas
regiões metropolitanas do Rio (50%) e de São Paulo (30%), não é
indicador de que não haja demanda nas demais regiões do país. Esta
concentração se deve fundamentalmente à existência de uma moderna
infra-estrutura de comercialização nessas áreas, o que permite um
fornecimento regular do produto.
Pode-se supor, portanto, que tão logo sejam criadas condições
favoráveis e um contínuo fornecimento da carne de rãs, outras praças
absorverão quantidades maiores do produto, ampliando de maneira
considerável o mercado.
Estudos realizados sobre o mercado interno da carne de rã
demonstraram existir, no Brasil, por demanda espontânea, um mercado
potencial cerca de três vezes superior à oferta. Um dos fatores
limitantes desse mercado é o preço com o qual o produto tem chegado
aos pontos de venda. Atualmente, a carne de rã é encontrada no
varejo, a preços que oscilam entre 15 e 40 reais o quilo. Em nível
do produtor, a rã tem sido comercializada a preços que variam de
5,00 a 6,50 reais por quilo de rã viva, o que equivale ao valor de
10 a 13 reais para cada quilo de carne. O mercado interno para a
carne de rãs apresenta um elevado potencial e vem se expandindo
gradualmente. Vale salientar que esta expansão é por demanda
espontânea, não havendo um trabalho de marketing direcionado para
isso.
A comercialização no eixo Rio, São Paulo, Belo Horizonte é, na sua
maioria, feita com pessoas do sexo masculino, com idade madura (25 a
60 anos), renda mensal superior a dois mil reais e escolaridade
universitária. Isso pode ser explicado pelos altos preços do produto
praticados nessas praças, limitando o consumidor a uma faixa de
renda mais elevada, excluindo os de menor poder aquisitivo.
Apesar de não haver estudos disponíveis que determinem o perfil do
consumidor nordestino, espera-se que esse se enquadre no perfil
geral determinado no Sudeste, devido aos preços praticados pelos
grandes supermercados também no Nordeste.
No mercado internacional, que tradicionalmente é abastecido pelo
extrativismo, países que permitem a caça, fornecem à Europa e à
América do Norte, o quilo de coxa de rã ao preço de 6 a 8 dólares. O
caráter predatório da captura naqueles países tem provocado reação
dos movimentos ambientalistas. Existem perspectivas de que, em
breve, haja restrições às importações deste produto por parte dos
países consumidores. Esse cenário coloca o Brasil em posição
favorável, uma vez que, é detentor de tecnologia avançada de
produção de rãs em cativeiro, além de possuir condições climáticas
favoráveis em grande parte de seu território.
Ressaltam-se, contudo que, vários países têm realizado investimentos
na ranicultura, indicando que estarão competindo pelo mercado
Europeu e Norte Americano, quando a proibição de produtos oriundos
da caça se efetivar. Terá sucesso aquele que além da qualidade
apresentar preço competitivo. A comercialização de carne de rã da
Comunidade Européia, se bem que pequena em relação a outras carnes
movimenta 10.000 toneladas, com uma projeção de envolvimento de
recursos da ordem de 50 milhões de dólares.
Na segunda metade dos anos 90, o ranicultor perdeu motivação para
vender no mercado externo, pois com o advento do plano real, o preço
interno esteve superior ao internacional pela sobrevalorização da
nossa moeda em relação ao dólar americano. Porém com a
desvalorização recente do real e com o aumento da oferta no mercado
interno, a exportação deverá tornar-se novamente interessante.
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