Sistema Anfigranja

      A exemplo de outras atividades da produção animal, o sucesso da criação de rãs passou a ter um desenvolvimento efetivo depois que construções mais adequadas foram associadas às técnicas de manejo sistematizado, possibilitando um bom desempenho no crescimento do plantel aliado à baixa mortalidade. Tal premissa é contemplada pelo Sistema Anfigranja, onde a rã-touro tem apresentado níveis de produtividade comparáveis às criações tradicionais como a piscicultura, avicultura, etc.


      Proposto em 1988, abordaremos esse Sistema com maiores detalhes, no qual está baseada a estrutura de criação desenvolvida no Setor de Ranicultura do CFT/UFPB. O Sistema Anfigranja possui construções em forma de galpões tradicionais, cujas baias de recria apresentam uma disposição linear de seus elementos básicos (cocho, abrigo e piscina), com dimensões variando de 12 a 40 m2. Aprimorou-se a proposta inicial, com o desenvolvimento de uma baia versátil, onde é possível criar os animais nas diversas idades. Esse sistema de criação preconiza uma padronização das instalações e manejo, para que problemas surgidos possam ser avaliados, em diferentes regiões, e soluções, também padronizadas, guardando as devidas proporções, possam ser propostas. O Sistema Anfigranja é utilizado pela maioria dos ranicultores com ganhos na produtividade, sendo que vários trabalhos já foram realizados, inclusive teses de mestrado e doutorado, utilizando o referido Sistema, aumentando a confiabilidade do uso de tal modelo.


      O Sistema Anfigranja é uma modalidade técnica de criação de rãs que permite a adequação de modelo teórico com a previsão de investimento, desempenho da criação, estimativa de produção, taxa de retorno, ponto de nivelamento, etc. Pelo fato de permitir a modelagem teórica, faculta o estabelecimento de índices adequados que podem ser ajustados durante o desenvolvimento da atividade indicando os pontos fracos que merecem maior observação e ajustes de desempenho.


      O Sistema Anfigranja compreende um conjunto de instalações denominadas setores - Reprodução, Girinagem, Recria e de Apoio. Essas instalações estão associadas a técnicas de manejo especialmente desenvolvidas para cada um dos elementos da criação. A padronização das instalações e a sistematização do manejo de rotina têm possibilitado uma evolução gradativa dessa tecnologia. Essas instalações serão descritas a seguir:


Setor de Reprodução - As instalações são compostas por baias denominadas de mantença com piso semelhante ao do Setor de Recria, descrito logo abaixo, e têm em anexo as baias de acasalamento. Com o desenvolvimento da desova por indução, as baias de acasalamento tendem ao desuso, já que a indução prescinde das mesmas. Nas baias de mantença as rãs reprodutoras são confortavelmente mantidas durante todo o ano à disposição do ranicultor para a indução das desovas quando necessárias. Após a reprodução, a desova é transferida para o setor de girinos, e os reprodutores retornam para a baia de mantença. Apesar dessa instalação ser semelhante às do setor de recria, seus elementos básicos estão em número e dimensões proporcionais ao porte dos reprodutores, que são alojados em uma densidade bem inferior.


Setor de Girinagem - se caracteriza pela padronização das instalações (tanque circular ou retangular) e sistematização do manejo associado a um mecanismo auto-limpante, composto de uma rede hidráulica em alta pressão e fundo com uma moegla (tipo funil) acoplada a um tubo em cotovelo para o escoamento de resíduos como fezes, restos de ração e gases de decomposição orgânica. Esses tanques são construídos em número proporcional ao porte do empreendimento. Efetuada a reprodução, natural ou por indução, as desovas são depositadas em incubadoras onde ocorrerá o desenvolvimento embrionário até a saída das larvas, as quais, decorridos alguns dias, darão origem aos girinos propriamente ditos. Nos tanques, os animais vão se desenvolver até a metamorfose.


Setor de Recria - é disposto linearmente em área proporcional ao número de rãs que são alojadas em cada baia. Os elementos básicos do piso são compostos por abrigo, cocho, abrigo e piscina em composição simétrica e especular a partir do centro. Essas baias recebem os imagos após a metamorfose, oriundos ou não de uma mesma desova. Quando as rãs alojadas nessas baias alcançam de 30 a 40 g é efetuada a triagem e os animais são redistribuídos por tamanho. Na redistribuição as baias recebem lotes uniformes de rãs onde permanecem até atingirem o peso de abate (180-200 g), quando então, são enviadas para a industria de abate e processamento.

Setor de Apoio - Local destinado a apoiar o funcionamento dos demais setores do ranário.  É composto por: escritórios, banheiros, depósito de ração e sala de produção de alimentos vivos (moscário e larvário).